Um meteoro extremamente brilhante, conhecido como “fireball”, cruzou o céu do interior de São Paulo na noite deste domingo (29). O fenômeno, que durou 6,8 segundos e teve um brilho estimado em magnitude -1,6, foi registrado com nitidez pelo Observatório Astrocan, localizado em Nhandeara, e pôde ser visto a olho nu em diversas cidades da região, incluindo Fernandópolis.
De acordo com Renato Poltronieri, astrônomo amador e colaborador do portal de monitoramento Astrocan, o meteoro foi classificado como “esporádico”, ou seja, não está ligado a nenhuma chuva regular de meteoros conhecida. A imagem, capturada por câmeras do observatório por volta das 22h, foi compartilhada com a Rede Brasileira de Monitoramento de Meteoros (BRAMON), que confirmou a autenticidade do registro.
“Um meteoro esporádico foi avistado em várias cidades do interior paulista. Ele é um fireball registrado em nosso observatório em Nhandeara, às 22h de ontem, com magnitude de -1,6 e duração de 6,8 segundos”, explicou Poltronieri.
Visibilidade Ampla e Detalhes do Fenômeno
Segundo observadores da BRAMON, o meteoro pôde ser visto em mais de dez cidades, como São José do Rio Preto, Votuporanga, Araçatuba, Barretos, Olímpia e parte do Triângulo Mineiro. As câmeras do Astrocan, voltadas para o quadrante norte do céu, registraram o bólido cruzando a atmosfera em alta velocidade, com um rastro luminoso e coloração esverdeada.
Embora seja um fenômeno comum em termos astronômicos, seu brilho e ampla visibilidade sempre impressionam. A BRAMON informou que continuará analisando o vídeo para determinar com mais precisão o ponto de origem e o possível local de dissipação final do fragmento.
O Que é um Fireball?
Fireballs são meteoros excepcionalmente brilhantes, geralmente causados pela entrada de fragmentos maiores de rocha espacial na atmosfera terrestre. Ao atingir velocidades altíssimas – que podem ultrapassar os 80 mil km/h – esses fragmentos queimam por atrito, produzindo um rastro luminoso visível por vários segundos.
De acordo com a União Astronômica Internacional (IAU), um meteoro é classificado como fireball quando sua magnitude luminosa é inferior a -4, ou seja, mais brilhante que o planeta Vênus no céu noturno. Embora o meteoro registrado neste domingo tenha uma magnitude de -1,6, sua duração e nitidez garantiram ampla visibilidade. “Foi o suficiente para ser confundido com um objeto em queda, como um satélite. Muita gente achou que fosse lixo espacial”, relatou Poltronieri.
Possibilidade de Novos Fenômenos e Interesse Científico
Sim, é possível que outros meteoros semelhantes cruzem o céu brasileiro nos próximos dias. Segundo especialistas, estamos em uma época de céu limpo, especialmente no interior. “Mesmo sem chuvas de meteoros ativas no calendário, há sempre chances de meteoros esporádicos cruzarem a atmosfera”, explica o astrônomo Marcelo Domingues, da BRAMON. A rede recomenda que interessados em observar o céu busquem locais escuros, longe da poluição luminosa, e utilizem câmeras ou celulares com sensores noturnos para captar possíveis ocorrências.
Fenômenos como o registrado em Nhandeara não só encantam o público, mas também servem como oportunidade de estudo para astrônomos. Dados como ângulo de entrada, velocidade, intensidade da queima e trajetória ajudam a entender a origem desses fragmentos, que muitas vezes vêm do cinturão de asteroides. O Observatório Astrocan, mantido por voluntários, compartilha seus dados gratuitamente com universidades, escolas e centros de pesquisa, visando despertar a curiosidade científica e ampliar a educação astronômica.
A equipe do Astrocan confirmou que o vídeo completo do meteoro será divulgado nas próximas horas nos perfis oficiais do observatório e enviado à BRAMON e ao International Meteor Organization (IMO).